economia solidária

25 anos depois, Feicoop passa de 27 para 800 expositores

Eduardo Tesch


Foto: Charles Guerra (Diário)
Ontem, Centro de Referência em Economia Solidária já estava quase pronto para receber os 800 expositores de vários países

Começa hoje mais uma edição da Feira Internacional do Cooperativismo de Santa Maria (Feicoop). A partir das 9h, acontece a primeira atividade cultural da feira, já a venda de produtos começa somente amanhã. A Feicoop chega a sua 25ª edição com números que impressionam: se no distante ano de 1994, 4 mil pessoas visitaram a feira, no ano passado, mais de 255 mil pessoas circularam pelo parque Dom Ivo Lorscheiter - a expectativa é atingir 300 mil este ano. O número de expositores também cresceu muito. Em 1994, 27 pessoas foram à feira para expor e vender seus trabalhos, já nesse ano, a expectativa é que 800 comerciantes comercializem seus produtos. Em 2017, havia expositores de 27 Estados e 20 países. 

OS EVENTOS 

  • O quê - 25ª Feira Internacional do Cooperativismo, 3º Fórum e 3ª Feira Mundial de Economia Solidária
  • Quando - De sexta a domingo, com venda de produtos. Hoje, haverá só palestras
  • Onde - Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter (fundos da Basílica)
  • Horários - Amanhã (7h30min às 20h); sábado ( 7h às 20h) e domingo (7h30min às 18h)
  • Entrada - Franca
  • Estacionamento - Gratuito, acesso no Parque da Medianeira

O TRÂNSITO

  • Agentes de trânsito orientarão os motoristas no local, das 7h às 23h, de sexta a domingo.
  • Desde a última segunda, a Rua Heitor Campos está com o trânsito interrompido, no trecho entre as ruas Atlântida e Imbé. A medida foi adotada para a instalação de toldos que devem receber expositores. O sentido único da Rua Heitor Campos (bairro-centro) será mantido. Da mesma forma, a Rua Atlântida permanece com sentido único.
  • Entrada para estacionamento será pelo portão central, na Rua Heitor Campos. Se necessário, os agentes vão liberar outros acessos. A entrada da feira será pela Rua Atlântida, a partir da Duque. Já a saída do evento será feita só pela Heitor Campos.

A Irmã Lourdes Dill, uma das organizadoras da feira, comemora o crescimento exponencial ao longo dos anos. Para ela, a metodologia empregada é a explicação para que, ano após ano, mais pessoas se interessem pela feira, e, mais do que tudo, pelo sistema de economia solidária.

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- A economia solidária agrega as pessoas. Esse modelo está motivando muita gente a seguir nesse mesmo caminho. É um trabalho organizado com autogestão e que dá muito certo. Trabalhamos o jeito de trabalhar, de ser e de consumir os produtos, sempre cuidando da vida - diz.

Ao mesmo tempo em que acontece a Feira Internacional, o espaço Dom Ivo Lorscheiter também recebe o 3º Fórum e a 3ª Feira Mundial de Economia Solidária. Quem for até o espaço poderá encontrar uma diversidade imensa de produtos: hortifrútis, produtos coloniais, malhas, artesanato, entre outros itens.

O que é Economia Solidária

  • É um jeito diferente de produzir, comprar, vender, consumir produtos, oferecer crédito. O que move esta economia é o desejo de que não existam excluídos, que a riqueza produzida no trabalho seja partilhada e que todos tenham qualidade de vida. A Economia Solidária é uma estratégica de desenvolvimento sustentável econômica, social, cultural, ambiental e politicamente

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Além do comércio, que o público já esta acostumado, a feira tem um importante papel social: trazer à tona assuntos que, muitas vezes, acabam caindo no esquecimento da população. Para a irmã Lourdes, os frequentadores precisam dar mais atenção às palestras e atividades que ocorrem de forma paralela ao comércio da feira.

- Queremos mudar essa cultura que é apenas uma feira para comercializar produtos. A Feicoop, em primeiro lugar, é um espaço de transformação. Por meio de palestra e oficinas culturais, conseguimos fazer isso, trazendo assuntos pertinentes para o nosso dia a dia - pondera.

FONTE DE RENDA
A economia solidária é uma importante fonte de renda para muitas famílias que enfrentam ou já enfrentaram dificuldades financeiras. Na essência, economia solidária é um jeito diferente de produzir, comprar, vender, consumir produtos e oferecer crédito. Por essa visão, o que é produzido no trabalho deve ser compartilhado com as pessoas mais necessitadas. 

O economista Alexandre Reis diz que economia solidária consegue fugir de processos tradicionais da indústria e, assim, acaba se diferenciando do comércio tradicional.

- A economia solidária respeita a gestão e a produção familiar, isso é importante. Por conseguir alterar processos da indústria tradicional, ela dá liberdade ao produtor, que consegue vender o seu próprio produto.

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Muitos expositores acabam levando à feira só produtos orgânicos. Para Reis, isso aumenta o retorno financeiro, já que muitas pessoas não querem mais consumir alimentos com agrotóxicos:

- É um nicho de mercado. Hoje, está muito em alta a questão da sustentabilidade. É um ótimo negócio e que incrementa a renda de muitas famílias.

Venda de rapadura garantiu casa nova, carro e educação do filho

Seu Aldo Borin, 61 anos, e dona Lenir Borin, 59 anos, dedicam-se há mais de três décadas em uma única atividade: a produção de rapaduras. Seu Aldo começou a vender os doces a pé, batendo de porta em porta, conquistando cada cliente com o seu sorriso e a sua simpatia. Dona Lenir ficava mais na produção, conferindo bem de perto o ponto exato de cada doce produzido pelo casal. O tempo foi passando e, como eles mesmo dizem, a venda de rapaduras construiu uma casa, comprou um carro e deu educação ao filho do casal.


Foto: Renan Mattos (Diário)
Há três décadas, Aldo e Lenir fazem doces e festejam alta das vendas devido à Feicoop

O simpático casal e, é claro, as rapaduras estarão presentes na 25ª Feira da Economia Solidária. Eles participam da feira desde 2007. Seu Aldo conta que a cada anos precisa produzir mais rapaduras porque a procura não para de crescer.  

- O movimento lá é impressionante. Cada vez é mais público que vai à Feicoop e nós temos uma aceitação maravilhosa. São 32 anos fazendo rapadura e se sustentando por meio disso. Conseguimos tudo por causa rapadura. É uma coisa muito simples, mas que, para nós, significa muito - comemora.

A Feira do Cooperativismo é, para seu Aldo, uma importante fonte de renda. Nos anos em que participou da feira, já pôde conferir de perto muitas histórias de vida transformadas pela economia solidária.

- A economia solidária está ajudando muitas famílias a construírem um patrimônio, isso é muito legal. Muita gente entra mal e fica bem, porque todo mundo se ajuda, sabe. É uma coisa muito organizada e que dá certo - afirma.

Perguntado sobre a receita das rapaduras, ele responde:

- Vontade de vencer, perseverança, descobrir o que o cliente gosta e, acima de tudo, colocar qualidade no produto.

Orgulho de produzir verdura sem agrotóxicos

No Distrito de Pains, a cerca de uma hora do centro de Santa Maria, vive outro produtor que vai participar da Feira do Cooperativismo, no espaço Dom Ivo Lorscheiter. Seu João Antônio da Silva, 54 anos, produz frutas, legumes e verduras, além de comercializar peixe.

Seu João tem uma obsessão: colocar na mesa de seu cliente o mesmo produto que ele produz para a família. A produção é acompanhada por técnicos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e da Emater para garantir um produto 100% orgânico e livre de agrotóxicos.


Foto: Renan Mattos (Diário)
Com apoio da UFSM e da Emater, Silva produz hortigranjeiros orgânicos em Pains. Há três anos, vende na Feicoop

- Eu me sinto muito feliz em trabalhar com agricultura, sabe? A gente nasceu aqui e adora fazer isso. Nós produzimos um produto sem veneno, de qualidade. Comecei fazendo para a família e isso se expandiu muito.

Essa é a terceira vez que seu João participa da Feicoop. Na feira, ele pretende comercializar 200 quilos de frutas, 25 variedades de verduras e legumes e de 50 quilos de peixe frito por dia. Ele diz que consegue agregar mais valor ao seu produto, já que ele mesmo produz e vende, sem passar por intermediários.

- Consigo ganhar mais dinheiro porque não vendo para o supermercado. Feiras como esta proporcionam para a gente uma relação mais próxima com os clientes e ganhar mais, isso é muito bom. O produto sai da horta e vendemos no mesmo dia - afirma.

DESTAQUES DA PROGRAMAÇÃO DA FEICOOP

Hoje

  • 9h às 12h - Tecendo redes de conhecimento e formação em Economia Solidária - Oficina com a participação das redes de educadores para troca de experiências e articulação nacional. Local: Escola Irmão José Otão - Pavilhão A - sala 01
  • 9h às 17h - Seminário da Rede Temática da Comissão Nacional para Implementação da Convenção-quiadro e para o controle de tabaco - diálogo com as organizações parceiras do Programa Nacional de Diversificação em áreas Cultivadas com Tabaco. Local: Auditório do Colégio Irmão José Otão.
  • 9h às 18h - Seminário Nacional de Integração de Cooperação Solidária. Intercâmbio e troca de experiências com foco nas soluções de Cadeias e Redes de Cooperação Solidária. Coordenação: Caritas Brasileira - Fernando Zamban e Marcela Vieira. Local: Hotel Dom Rafael.
  • 11h30min às 14h - Almoço no Salão, Fundos do Prédio nº 01 e a aquisição das fichas na Sala de Informática, à esquerda ao lado dos banheiros.
  • 14h - Assembleia Nacional dos Empreendimentos de Economia Solidária Coordenação: FBES/Unisol/Unicopas/FGES e outros Parceiros Local: Parque da Medianeira - lonão 06.

Amanhã  

  • 9h às 12h - Seminário Nacional: Alimentos Artesanais e os desafios para os processos de valorização e formalização em preparação à Conferência ao 3º AgUrb - Segurança e Soberania Alimentar em uma Sociedade Urbanizada: desafios no contexto da Agricultura Familiar. Local: Parque da Medianeira - lonão 06.
  • 13h30min - Audiência Pública: Legislação das Agroindústrias Familiares e as Perspectivas da Agricultura Familiar. Quem coloca comida na mesa da população, merece apoio, respeito e valorização. Proponente e Coordenação: deputado estadual Valdeci Oliveira e Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa do RS Local: Parque da Medianeira - lonão 06.
  • 16h - Abertura Oficial da 25ª Feicoop e 3º Fórum e 3ª Feira Mundial de Economia Solidária e Eventos complementares. Local: Palco da Feira.

Sábado

  • 7h - Alvorada festiva.
  • 7h30min às 20h - Comercialização nos estandes.
  • 9h - Rodas de Conversa do Fórum Brasileiro de Economia Solidária Coordenação: Coordenação Executiva do FBES Local: Escola Irmão José Otão - Pavilhão A - sala 03.
  • 9h às 12h - Congresso do Povo Brasileiro - Um espaço de Democracia Coordenação: Frente Brasil Popular Centro, CUT Regional Centro (Gecira Di Fiori, Rogério Rosado, Eloiz Guimarães Cristino). Local: Parque da Medianeira - lonão 06.
  • 9h às 16h15min - Seminário: Educação: Economia Solidária e Ética Planetária - Reflexões e práticas 10 anos depois. Seminário de Educação, celebrando os 10 anos do Fórum Mundial Temático de Educação em Santa Maria (2008/2018). Local: Parque da Medianeira - lonão 05.
  • 10h às 12h - Roda de Conversa: Os Fundos Solidários e a Resistência. Fortalecer a articulação em Rede e divulgar as experiências de algumas modalidades de Fundos Solidários. Coordenação: Centro de Assessoria Multiprofissional - CAMP - Beatriz Gonçalves Pereira Local: Parque da Medianeira - lonão 02.
  • 11h30min às 14h - Almoço no Salão, Fundos do Prédio 1 e a aquisição das fichas na Sala de Informática, à esquerda ao lado dos banheiros no prédio 1.
  • 13h30min às 16h - O Repensar Coletivo do Artesanato Ecosol: Uma proposta para ser construída. O Artesanato da Ecosol. Coordenação: NIEFGART - Feira Viva de Novo Hamburgo - Rosine Ferreira dos Santos Local: Escola Irmão José Otão - pavilhão A.
  • 14h - Experiência de Incubação - ITCP Unochapecó - Buscando a Sustentabilidade a partir dos Resíduos Sólidos. Sustentabilidade e Resíduos Sólidos. Coordenação: ITPC - Unochapecó - Ana Maria Pereira Puton Local: Escola Irmão José Otão - Pavilhão A - sala 02.
  • 14h30min - Desfile denúncia dos agrotóxicos e a roupa que veste a consciência. Coordenação: Justa Trama Local: Palco da Feira - Parque da Medianeira.
  • 18h às 22h - XXII Encontro Nacional da Rede ITCPs. Organicidade da Rede ITCPs e preparatório para o V Congresso Nacional da Rede ITCPs. Auditório do Colégio Irmão José Otão - ao lado da Feira.

Domingo   

  • 7h - Alvorada festiva.
  • 7h30min às 18h -Comercialização nos estandes.
  • 9h - Reunião Ampliada do Fórum Brasileiro de Economia Solidária. Coordenação: Coordenação Executiva do FBES Local: Auditório da Escola Irmão José Otão.
  • 8h às 10h - Oficina: Organizações Religiosas e da Sociedade Civil construindo a Segurança das Pessoas em Situação de Rua e Catadores: Solidariedade traduzida e forma de comida de verdade na cidade de Santa Maria. Local: Parque da Medianeira - lonão 06.
  • 15h às 16h30min - Oficina: Apresentação do Projeto "UFSM das Ruas". Palestrantes: professor Francisco Nilton da Costa (Terapia Ocupacional - UFSM), reitor Paulo Burmann, Pró-Reitor de Extensão Flavi F. Lisboa Filho e Pró-Reitor Adjunto Rudney Soares Ferreira. Coordenação: Reinaldo Santos. lonão 06.
  • 10h às 20h - Seminário de Catadores e População de Rua (Seminário de Moradores de Rua). Mais Pontes e Menos Muros para Catadores e pessoas em situação de rua em Santa Maria. Local: Parque da Medianeira - lonão 06.
  • 18h - Encerramento oficial dos Eventos Internacionais do Cooperativismo, Agricultura Familiar e Economia Solidária de 2018. 

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